O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que o governo brasileiro segue aberto ao diálogo “sem qualquer contaminação política ou ideológica” para negociar as tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos nacionais.
Em nota à imprensa, a pasta reforça que, apesar das tentativas de debate, “a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis”.
“No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano”, declarou o MDIC, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
A nota foi divulgada após o Secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, já havia confirmado que as taxas impostas aos parceiros comerciais entram em vigor no dia 1º de agosto. Trump reforçou a medida logo depois. O Brasil está no topo da lista de países afetados, com uma tarifa de 50%.
“Sem prorrogações, sem mais períodos de carência, em 1º de agosto, as tarifas serão definidas. Elas entrarão em vigor. A Alfândega começará a arrecadar o dinheiro”, declarou Lutnick.
Taxação recorde
Além do Brasil, outros países atingidos pelas tarifas incluem Canadá (35%), México (30%) e Coreia do Sul (25%), mas nenhum deles foi alvo de uma alíquota tão alta quanto a imposta aos produtos brasileiros.
No caso dos produtos brasileiros, tarifas misturam justificativas políticas e econômicas. Em carta enviada ao presidente Lula, Trump citou a “censura a redes sociais dos EUA” e defendeu Jair Bolsonaro, dizendo que o ex-presidente é alvo de uma “caça às bruxas”.
Também afirmou que a relação comercial com o Brasil “tem sido injusta” e “não recíproca”. No entanto, o governo americano tem superávit nesse caso: de 2009 até hoje, as exportações americanas superaram as importações em US$ 88,61 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
Veja a nota na íntegra
Desde o anúncio das medidas unilaterais feito pelo governo norte-americano, o governo brasileiro, por orientação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem buscando negociação com base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica. Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano. O Brasil e os Estados Unidos mantêm uma relação econômica robusta e de alto nível há mais de 200 anos. O governo brasileiro espera preservar e fortalecer essa parceria histórica, assegurando que ela continue a refletir a profundidade e a importância de nossos laços.