A entrada em vigor das novas tarifas de importação dos Estados Unidos, determinadas pelo presidente Donald Trump na quinta-feira (07), foi tratada pela imprensa internacional como o início de uma nova e incerta ordem comercial, marcada por rompimento com décadas de livre-comércio e por riscos à economia global.
O jornal francês Le Monde apontou que a taxa média de importação no país saltou para 17,3%, o maior patamar desde os anos 1930. Embora Trump tenha comemorado a arrecadação de “bilhões de dólares”, a publicação destacou que ainda é difícil “definir todos os contornos” desse novo cenário.
O britânico The Guardian ressaltou a amplitude da medida, que atinge dezenas de países com tarifas adicionais sobre exportações para os EUA. O jornal relatou que governos ao redor do mundo têm tentado negociar acordos para evitar perdas de empregos e desestímulo a investimentos.
Na avaliação do jornal espanhol El País, Trump tem usado as tarifas como sua “ferramenta favorita de pressão” sobre aliados e adversários. A publicação alertou que as mudanças podem continuar de forma imprevisível, “dependendo das simpatias ou fobias do presidente em um dado momento”.
O Le Monde reforçou que as tarifas são “mais políticas do que econômicas”, permitindo que Trump e aliados “clamem vitória”, mesmo sem efeitos econômicos concretos.
Críticas na Índia e alerta sobre inflação
A imprensa da Índia, país que enfrenta um dos maiores embates tarifários no momento, também reagiu.
O Times of India repercutiu a fala do deputado Manish Tewari, que classificou a tarifa adicional de 25% imposta ao país como “intimidação grosseira” e “chantagem econômica”.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia declarou que a medida dos EUA é “extremamente infeliz”.
Já os jornais europeus deram destaque à preocupação de economistas. O Le Monde citou o ex-conselheiro de Barack Obama, Jason Furman, que escreveu no Financial Times que os termos “‘vencedores’ e ‘perdedores’ são equivocados” na política comercial, e alertou que os consumidores estadunidenses “se beneficiarão menos das importações”.
O El País levantou incertezas sobre a inflação, afirmando que os preços já “começam a dar sinais de crescimento”, especialmente em setores como brinquedos e eletrônicos.